História do Uruguay
No início do século 16, o território do atual Uruguay era habitado pelos charruas, um povo indígena seminômade. Por volta de 1512, o Rio da Prata foi descoberto pelo navegador português João de Lisboa.
Em fevereiro de 1516, o explorador português João Dias de Solis, a serviço da Espanha, em busca de um caminho para as Molucas, navegou o estuário do Rio da Prata. Ele foi devorado pelos charruas junto com outros tripulantes no mesmo ano.
Em 1527, a expedição de Sebastião Caboto explorou o Rio da Prata, deu nome à Ilha de São Gabriel e construiu um forte na região. Este foi o primeiro assentamento com europeus no atual Uruguay.
Em 1530, o rei de Portugal enviou Martim Afonso de Sousa cuja missão incluía a exploração do Rio da Prata e a fundação de uma vila na região. Após várias paradas na costa do Brasil sua nau capitânia naufragou no caminho. Sete de seus homens morreram no naufrágio. Martim enviou seu irmão, Pero Lopes de Sousa, para explorar o Rio da Prata. Enquanto isso, ocupava-se em medir as coordenadas geográficas do local, verificando que se tratava de território espanhol, segundo o Tratado de Tordesilhas. Constatou que se tratava de terras espanholas. Pero Lopes retornou cerca de um mês depois sem ter achado minerais preciosos. Em 1º de janeiro de 1532, retornam a São Vicente.
Em fevereiro de 1536, o espanhol Pedro de Mendoza y Luján fundou um povoado na margem sul do Rio da Prata, a que chamou de Santa María del Buen Ayre (atual Buenos Aires). Em dezembro, o povoado foi atacado pelos índios e foi abandonado cerca de cinco anos depois. Em 1580, os espanhóis retornaram para reconstruir o povoado.
Os portugueses não desistiram das terras do lado oriental do Rio Uruguay. Na maior parte de sua história, o Uruguay era reivindicado tanto pelos portugueses quanto pelos espanhóis, que se debatiam quanto ao verdadeiro traçado da linha de Tordesilhas. As duas nações exageravam em suas reivindicações. Os espanhóis diziam que a linha passava pelo litoral de São Paulo, enquanto os portugueses asseguravam que passava pelo Rio Uruguay, tornando portuguesas todas as terras da margem. O maior problema da época era a determinação das longitudes. Somente no século 17 foi possível determiná-las precisamente através do método das eclipses das luas de Júpiter, desenvolvido por Galileu.
Uma pausa nas disputas ocorreu durante a União Ibérica, de 1580 a 1640. Entretanto, o Livro que dá Razão ao Estado do Brasil, um documento oficial português publicado por volta de 1612, indica as terras do atual Uruguay como sendo parte do Brasil.
Em 1624, foi fundado o primeiro assentamento permanente europeu, no território do atual Uruguay. Foi uma missão franciscana, chamada de Santo Domingo de Soriano, instalada na ilha de Vizcaíno, localizada na confluência dos rios Negro e Uruguay. Em 1708, o povoado foi movido para o local da atual Villa Soriano.
Após a restauração da Coroa Portuguesa, em 1640, as disputas pelo Uruguay retornaram. O Atlas de João Teixeira Albernaz, de 1640, continua indicando o Uruguay como sendo brasileiro e nele está indicada a Colônia Ilhas de São Gabriel no mesmo local onde foi fundada a Colônia do Santíssimo Sacramento, em 1680. Nas décadas seguintes, essa Colônia foi o palco de várias batalhas e seu controle alternou-se entre portugueses e espanhóis algumas vezes. Mais: as disputas entre Portugal e Espanha pelo Rio da Prata e Sul do Brasil ►
No início do século 17, os jesuítas começaram a estabelecer as missões guaraníticas, no sul do Brasil e partes do Paraguay e da Argentina. Essas missões, que duraram até meados do século 18, tiveram grande influência na colonização do norte do Uruguay, que sofria invasões de caçadores de índios para escravizá-los. Em 1742, foi fundada, pelos jesuítas de Buenos Aires, a Estância do Arroio das Vacas, na região conhecida como Calera de las Huérfanas. Suas ruínas ainda existem.
Em 1724, Bruno Mauricio de Zabala, governador de Buenos Aires, manda construir um forte no local da atual Montevideo. Um povoado cresceu ao redor do forte, com índios e espanhóis.
Os portugueses continuaram como colonizadores de boa parte do Uruguay até 1777, quando assinaram o Tratado de Santo Ildefonso, cedendo as terras para a Espanha, que era, então, conhecida como La Banda Oriental del Uruguay. Passou a fazer parte do governo do Rio da Prata, que incluía a atual Argentina. Essas terras também envolviam parte do atual Estado do Rio Grande do Sul.
Em 1808, Portugal declarou guerra a França de Napoleão e a Espanha era governada por José Bonaparte, irmão de Napoleão (1808 a 1813).
Em 1811, o príncipe regente Dom João, mandou invadir a Banda Oriental até a Colônia do Sacramento, como medida preventiva ao movimento de independência liderado por José Gervasio Artigas. Dom João retirou as tropas invasoras no ano seguinte.
Em 14 de dezembro de 1813, as Províncias Unidas do Rio da Prata, envolvendo o Uruguay (como a Província Oriental) e Argentina, declararam independência da Espanha, que ainda estava em guerra com a França. Em 1814, Artigas e outros líderes da Banda Oriental, desligaram-se da junta militar da Argentina e lideraram uma revolta pela independência do Uruguay.
Em 1816, o Rei Dom João IV resolveu por nova ocupação militar da Província Oriental, atual Uruguay. Em 20 de janeiro de 1817, as tropas portuguesas, sob o comando de Carlos Frederico Lecor, entram em Montevideo. Em 31 de janeiro de 1820, as forças de Artigas foram derrotadas na Batalha de Tacuarembó e o líder uruguayo exilou-se no Paraguay. Em 1821, a Banda Oriental foi oficialmente anexada ao Brasil, como Província Cisplatina.
Com a Guerra da Independência do Brasil, iniciada em 1822, a Província Cisplatina tornou-se uma das regiões de conflito, como parte do Império do Brasil. Em 1825, tropas apoiadas por Buenos Aires invadiram a Província Cisplatina que permaneceu em conflito armado até 1828. Em 27 de agosto desse ano, foi firmado um acordo entre o Brasil e a Argentina pondo fim ao conflito. Por esse acordo, a Província Cisplatina tornou-se um país independente. Em 28 de junho de 1830, a primeira constituição foi aprovada e o novo País passou a se chamar oficialmente Estado Oriental do Uruguay. O País tinha cerca de 74 mil habitantes. Os anos seguinte foram de conflitos violentos entre os dois partidos republicanos: blancos e colorados.
Os limites entre o Brasil e o Uruguay foram definidos no Tratado de Limites de 12 de outubro de 1851, com pequenas alterações posteriores.
Em 1853, o presidente D. Juan Francico Miró, do partido blanco, foi deposto e assumiu uma junta de três membros do partido dos colorados. Algum tempo depois, o chefe dos colorados, Venâncio Flores, ficou sozinho no governo após a morte dos demais membros. Flores ficou no governo até 1855, quando nova junta assumiu. Em 1865, Venâncio Flores retornou ao poder e uniu-se ao Brasil e a Argentina na Guerra do Paraguay. A partir de 1872, os colorados governaram por 86 anos seguidos.
Os anos 1960 foram de grandes tumultos políticos. Nos anos 1970, os militares assumiram o poder. Em 1985, os civis retornaram com um governo democrático.
A histórica Colônia do Sacramento, fundada pelos portugueses, em 1680, como parte do território brasileiro. Tornou-se, nas décadas seguintes, um palco de muitas batalhas entre portugueses e espanhóis. Hoje é um charmoso destino turístico.
Ruínas da capela da antiga estância dos jesuítas em Calera de las Huerfanas, do século 18.
o herói uruguayo José Gervasio Artigas (1764-1850) liderou um movimento de independência do Uruguay, no início do século 19.
Venâncio Flores (1809-1868). Lutou na guerra de libertação da Província Cisplatina, em 1825. Foi líder do partido dos colorados que governou o Uruguay de 1853 a 1855, numa época de muita turbulência política no País. Voltou a ser o presidente de 1865 a 1868, quando participou do pacto da Tríplice Aliança, durante a Guerra do Paraguay. Em 1868, convocou eleições e renunciou, sendo assassinado poucos dias depois (ilustração publicada no Le Monde Illustré, em 1865).
Mapa de 1640, de João Teixeira Albernaz, cartógrafo oficial de Portugal, indicando o Uruguay como sendo parte do Brasil. Esse mapa também indica a Colônia Ilhas de São Gabriel, 40 anos antes da fundação da Colônia do Sacramento, no mesmo local (clique na imagem para ampliar).
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Por Jonildo Bacelar
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